A reflexão de hoje baseia-se numa
passagem Bíblica que me toca profundamente. O texto se encontra no livro de I
Crônicas no capítulo 29. De modo geral, trata-se das ofertas que Davi e o povo
reuniram para a construção do templo do Senhor. Bom, polêmicas e divergências à
parte, já que os assuntos dízimo e oferta não são consenso entre os cristãos,
sinto a liberdade e a necessidade de compartilhar minha compreensão sobre o tema, mais
especificamente sobre o ato de ofertar. Longe de querer impor meu pensamento como
verdade absoluta, e adiantando que não possuo o conhecimento profundo de um
exímio estudioso das Escrituras Sagradas, me arrisco em delinear um
posicionamento (meu) a respeito do assunto.
Voltando ao texto Bíblico num
breve retrospecto
No capítulo 22 de I Crônicas,
Davi propôs em seu coração edificar uma Casa para o Senhor, um altar de
holocausto para Israel. A partir de então começou Davi a reunir trabalhadores e
material em abundância para a construção. Davi tinha o pensamento de que a casa
que se construiria para o Senhor seria “magnífica em excelência, para nome e
glória em todas as terras”, e que como Salomão, que viria a substituí-lo, era
ainda muito jovem, ele deveria lhe preparar todos os materiais (I Cr 22:5).
Davi chama Salomão e lhe ordena diretamente
que edifique uma casa ao Senhor, revelando que na verdade o desejo de seu
coração era que ele mesmo realizasse a obra, mas que Deus não o permitiu pelas
muitas guerras e sangue derramado dos quais tinha participado. Davi não apenas
preparou material e mão de obra em abundância para que Salomão tivesse êxito no
projeto de construção, mas o mais importante: lhe deu orientações para que guardasse os mandamentos do Senhor, fosse prudente, instruído e tivesse coragem
e ânimo para executar a obra e reinar sobre o povo.
No capítulo 28 de I Crônicas,
Davi então reúne todos os príncipes e maiorais do povo e torna falar sobre a
construção do templo. Esse capítulo é simplesmente tocante. Nele Davi demonstra
preocupação em instruir as gerações que a partir dali se seguiriam para que
trilhassem os caminhos do Senhor e não se desviassem da benção de Deus. Mais
uma vez Davi expõe o desejo que possuía em seu coração de edificar “uma casa de
repouso para a arca do conserto do Senhor e para o escabelo dos pés do nosso
Deus” (I Cr28:2). Nessa reunião Davi ratifica a escolha de Deus para que
Salomão viesse a reinar sobre Israel e também edificar a Casa do Senhor. Ao
final do capítulo Davi aconselha diretamente Salomão: “E tu, meu filho Salomão,
conhece o Deus de teu pai e serve-o com um coração perfeito e com uma alma
voluntária; porque esquadrinha o SENHOR os corações e entende todas as
imaginações dos pensamentos, se o buscares, será achado de ti; porém, se o
deixares, rejeitar-te-á para sempre. Olha, pois, agora, porque o SENHOR te
escolheu para edificares uma casa para o santuário; esforça-te e faze a obra”
(I Cr 28: 9 e 10). Davi, então, dá à Salomão o desenho do templo.
Mas onde entram as ofertas? Bom,
depois dessa não tão breve introdução, quero entrar no capítulo 29 de I
Crônicas. Acho necessário primeiro expor minha concepção de oferta. No meu
entendimento uma oferta se caracteriza por dois aspectos básicos: ser sacrifício e ser
voluntário. O dízimo por sua vez expressa um compromisso assumido. Ambos são,
ou deveriam ser (rs), expressão de gratidão ao Senhor.
No capítulo 29 Davi relata como
vinha, com todas as suas forças, preparando materiais para a Casa do Senhor, que
Salomão viria construir, uma casa que não seria casa de homem, mas um palácio
para o Senhor: “E ainda, de minha própria vontade, para a Casa do meu Deus, o
ouro e prata particular que tenho demais eu dou para a Casa do meu Deus, afora
tudo quanto tenho preparado para a casa do santuário” (I Cr 29: 3). Davi então
pergunta ao povo: “Quem pois está disposto a encher a sua mão, para oferecer
hoje VOLUNTARIAMENTE ao Senhor?” (I Cr 29: 5b). Então, a começar pelos
príncipes e maiorais do povo, doaram voluntariamente e com alegria: "E o povo se
alegrou do que deram voluntariamente; porque, com coração perfeito,
voluntariamente deram ao Senhor; e também o rei Davi se alegrou com grande
alegria" (I Cr 29:9).
Agora vem o ápice do capítulo, o
momento em que Davi louva ao Senhor!
“Pelo que Davi louvou ao Senhor
perante os olhos de toda a congregação e disse: Bendito és tu, Senhor, Deus de
nosso pai Israel, de eternidade em eternidade. Tua é a magnificência, e o
poder, e a honra, e a vitória, e a majestade; porque teu é tudo quanto há nos céus e na terra; teu é Senhor o reino, e tu te exaltastes
sobre todos como chefe. E riquezas e
glória vêm de diante de ti, e tu dominas sobre tudo, e na tua mão há força
e poder; e na tua mão está o engrandecer e dar força a tudo” (I Cr 29: 10, 11,
12).
Abrindo um parêntese (rs): Davi
adorou diante de todos! E mais, reconheceu a soberania de Deus acima dele. Davi
reconheceu Deus como o verdadeiro Senhor não apenas de Israel mas de toda a
terra, e que toda riqueza já é Dele. Mas Davi continua...
“Porque quem sou eu, e quem é o
meu povo, que tivéssemos poder para tão voluntariamente dar semelhantes coisas?
Porque tudo vem de ti, e da tua mão to
damos. Senhor, Deus nosso, toda esta abundância que preparamos, para te
edificar uma casa ao teu santo nome, vem
da tua mão e é toda tua. E bem sei eu, Deus meu, que tu provas os corações
e que da sinceridade te agradas; eu
também, na sinceridade de meu coração, voluntariamente dei todas estas coisas;
e agora vi com alegria que o teu
povo, que se acha aqui, voluntariamente te deu” (I Cr 29:14, 16 e 17).
Nesse trecho
Davi reconhece que todos os bens conquistados são bênçãos concedidas por Deus,
e que das próprias mãos de Deus ofertamos a Ele, ou seja, devolvemos. Ele se
alegrou pelo coração voluntário do povo, pois sabia bem que Deus se agrada do
coração sincero. Davi pediu a Deus que conservasse essa característica nos
pensamentos e coração do povo e de seu filho Salomão, e convocou ao povo que
também adorasse a Deus: “Então disse Davi a toda a congregação: Agora, louvai
ao Senhor vosso Deus. Então toda a congregação louvou ao Senhor, Deus de seus
pais; e inclinaram-se e prostraram-se perante o Senhor e perante o rei. E ao
outro dia, sacrificaram ao Senhor sacrifícios e ofereceram holocaustos ao
Senhor: mil bezerros, mil carneiros, mil cordeiros, com as suas libações, e
sacrifícios em abundância por todo Israel” (I Cr 29: 20 e 21).
Longe de esgotar o assunto, pois
há muitas outras passagens Bíblicas que falam sobre a oferta, quero deixar a
mensagem de que o mais importante no ato de ofertar é a intenção do coração,
por isso peço a Deus que me dê um espírito voluntário e alegria de devolver
aquilo que Ele mesmo me concedeu! Acho importante exercitarmos o ato de ofertar
até que alcancemos a oferta que realmente agrada a Deus.